No Brasil, a esquistossomose mansônica é endêmica em
vasta extensão do território e considerada, ainda, um grave problema de saúde
pública, pois acomete milhões de pessoas, provocando anualmente, um número
expressivo de formas graves e óbitos. O agente etiológico é o Schistossoma
mansoni, um helminto pertencente à classe dos Trematoda, família
Schistosomatidae e gênero Schitossoma. São vermes digenéticos (organismos que,
no decorrer do seu ciclo biológico, passam por formas de reprodução sexuada e
assexuada) , delgados de coloração branca e sexos separados, onde a fêmea
adulta é mais alongada e encontra-se alojada em uma fenda do corpo do macho,
denominada de canal ginecóforo (Figura 1).
Figura 1: Formas evolutivas do Schistoma mansoni. |
Outros nomes
A doença é conhecida por diferentes nomes:
- Xistose
- Doença
do Caramujo
- Barriga
D´água
- Esquistossomíase
- Xistosomose
- Bilharzíase
Ciclo
O ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do
hospedeiro intermediário no ambiente (Figura 2). Os caramujos gastrópodes
aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e gênero Biomphalaria,
são os organismos que possibilitam a reprodução assexuada do helminto, que
habitam coleções de água doce com pouca correnteza ou parada. No Brasil, a
transmissão depende da presença das espécies Biomphalaria glabrata, Biomphalaria
straminea e Biomphalaria tenagophila.
Figura 2: Espécie do gênero Biomphalaria, vetor da esquistossomose. |
O homem é o principal hospedeiro
definitivo e nele o parasita apresenta a forma adulta e se reproduz
sexuadamente. Depois desse período, o homem infectado pode transmitir a doença
através de ovos, que são eliminados por meio das fezes, ocasionando a
contaminação das águas. Os ovos eliminados pelas fezes dos homens
contaminados evoluem para larvas na água, que se alojam e se desenvolvem em
caramujos. Estes últimos liberam a larva adulta que, ao permanecer na água
contaminam o homem (Figura 3).
Tratamento
O tratamento da esquistossomose consiste na utilização de medicamentos específicos, para a cura da infecção. Existem dois medicamentos disponíveis para tratamento de crianças e adultos portadores de S. mansoni: o praziquantel e a oxaminiquina.
O praziquantel é administrado via oral em uma dose única de 50mg/kg para adultos e de 60mg/Kg para crianças. A oxaminiquina é administrado via oral em uma dose única de 20mg/kg para crianças e de 15mg/kg para adultos que deve ser tomado 1 hora após a refeição.
Os remédios caseiros são ineficazes e prejudiciais; também os medicamentos específicos, se tomados em dosagens inadequadas, podem causar problemas e não promovem a cura do doente. Retardando o tratamento a doença pode ter complicações mais graves como ascite - "barriga d´água" (acúmulo anormal de líquidos dentro da cavidade abdominal) (Figura 5).